FAMOSIDADES
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Por MBPress
RIO DE JANEIRO - O que os Sex Pistols, The Clash, a Legião Urbana, Brasília, o início da década de 80 e o punk rock de uma forma geral têm em comum? Tudo, ué. Foi neste cenário, na agitada capital federal, que os irmãos Fê Lemos (baterista) e Flávio Lemos (baixo), ex-integrantes do Aborto Elétrico, a banda precursora da Legião Urbana liderada por Renato Russo, formaram uma das bandas mais importantes do rock brasileiro: o Capital Inicial.

Tudo bem, hoje você escuta “pneus de carro cantando” e nem acha assim, tão rock na veia? Pois saiba que esta geração de ouro da música brasileira teve, sim, lá atrás, muita importância para colocar em pauta as reivindicações de uma juventude cansada da mordaça imposta pela ditadura. Junto da Plebe Rude, e da própria Legião Urbana, além dos Paralamas do Sucesso, a “Geração Coca-Cola” também inclui nesse hall o Capital Inicial, que em 1983, um ano após sua fundação, viu Dinho Ouro Preto assumir os vocais.
Brasília era o berço do rock nacional. “Os burgueses sem religião” representavam, de fato, o futuro da nação. Musicalmente falando.
Isso porque não tinham papas na língua. Os jabás comerciais que ditam as rádios atuais eram algo até então impensável. Dinho Ouro Preto, após um estágio como baixista da banda “dado e o reino animal” (em letras minúsculas mesmo) com Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá (que se uniriam posteriormente a Renato Russo e o resto da história você já sabe), foi o porta-voz da rebeldia do Capital Inicial. Não é exagero dizer a banda viveu o seu auge logo no início.

Em 1983 e 1984, o Capital Inicial fazia shows cada vez mais constantes em São Paulo e no Rio de Janeiro, principalmente no Circo Voador. Logo os integrantes entenderam que o futuro deles como músicos era mais seguro no sudeste. Logo no início de 1985 veio a mudança para a capital paulista. Um ano mais tarde, assinaram com a Polygram e lançaram o primeiro EP: “Capital Inicial”.

O álbum de estreia rendeu boas críticas por parte da imprensa especializada. “Um rock limpo, vigoroso, dançante e, sobretudo, competente, a quilômetros de distância da mesmice que assaltou a música pop brasileira nos últimos tempos", assinava no caderno Ilustrada da “Folha de S. Paulo” o jornalista Mário Nery. Era a revolução que todos esperavam.

Letras ásperas como a da “Música Urbana” lembrava que o momento era “de pedras nos sapatos onde os carros estão estacionados”. “Psicopata”, “Fátima” e “Veraneio Vascaína”, esta última censurada na época pela Polícia Federal, também foram hits que caíram como uma luva para jovens que passavam a invadir as ruas no momento de transição política das “Diretas Já”.
Divulgação
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Em 1992, por divergências, Bozzo Barretti deixa o grupo e no ano seguinte, é a vez de Dinho Ouro Preto sair em carreira solo. Seis anos mais tarde, Dinho retorna e o Capital Inicial volta à sua formação original. Lançam coletânea (“O Melhor do Capital Inicial”) para comemorar os 15 anos da banda e os 20 anos do cenário do rock candango em Brasília. E até emplacam algumas músicas novas nos anos subsequentes. Mas já sem o mesmo brilho de outrora.

No dia 24/09, no segundo dia do Rock in Rio, o Capital Inicial divide o palco Mundo com NX Zero, Stone Sour, Snow Patrol e Red Hot Chili Peppers. Repertório não será problema para alegrar as 100 mil pessoas que já garantiram ingresso. Afinal de contas, são quase três décadas de trabalho árduo. E por toda a história, Dinho Ouro Preto e companhia merecem respeito.