sexta-feira, 9 de março de 2012






Descaso e irresponsabilidade

Morte de adolescente no Hopi Hari é resultado da imprudência do parque, que funcionava havia anos com brinquedos quebrados e sem manutenção adequada

Flávio Costa

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TRAGÉDIA
Gabriella morreu ao cair de uma altura de 25 metros. O parque foi interditado por dez dias
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O cenário da trágica morte da jovem Gabriella Nichimura, 14 anos, que caiu de uma altura de 25 metros de um brinquedo no Hopi Hari, o maior parque de diversões da América Latina, já estava montado há muito tempo. Quatro dias antes da morte da adolescente, em pleno feriado de Carnaval, a reportagem de ISTOÉ constatou que dez dos 58 brinquedos não estavam funcionando – por defeito ou manutenção. No início de fevereiro, quem agendava uma festa de aniversário no parque também não ficava sabendo que uma dezena de atrações estava fora de operação. A roda-gigante, segundo pessoas que trabalham no local, não funciona há meses. Esses são apenas os fatos mais recentes e que mostram o descaso do parque com o quesito segurança.

Gabriella foi lançada ao ar justamente por ocupar uma cadeira defeituosa. E o mais alarmante: a direção do parque tinha pleno conhecimento disso. A adolescente usou um assento que estava inoperante havia dez anos. Ou seja, há uma década pelo menos o brinquedo vem funcionando sem que haja plenas condições de uso. Os problemas dele, porém, eram muito maiores, como se viu. “A menina entrou em uma verdadeira arma, em um brinquedo fatal”, diz Rogério Sanchez, promotor que atua no caso. Há uma sucessão de erros grosseiros, evidências de descaso e irresponsabilidade que precisam ser punidos. Afinal, ao manter sem nenhum aviso uma cadeira defeituosa num brinquedo potencialmente mortal, o Hopi Hari assumiu claramente o risco de matar alguém, como terminou ocorrendo. Na última semana, ISTOÉ perguntou à assessoria do parque reiteradas vezes quanto era gasto em manutenção, mas não obteve resposta. O Hopi Hari dizia apenas que estava colaborando com a investigação da polícia. Os fatos, no entanto, não só demonstram a falta de investimentos em manutenção como evidenciam que a aclamada colaboração não passou de conversa fiada.

Na segunda-feira 27, técnicos do parque acompanharam uma perícia da polícia. Em nenhum momento disseram que os peritos estavam olhando a cadeira errada. Foi preciso que a família da jovem apresentasse uma foto comprovando que o assento analisado pelos peritos não era o usado por Gabriella para que as investigações tomassem o rumo correto. Feita nova perícia, constatou-se que o travamento da cadeira abria durante a descida – isso projetou o corpo da menina para a frente. Além disso, o assento não contava com um cinto de segurança, como os demais.
O Hopi Hari foi inaugurado em 1999 com a pretensão de ser uma espécie de Disney brasileira. A inexistência de fiscalização efetiva e a falta de mão de obra qualificada para operar os brinquedos que oferecem risco estão na raiz do problema, e são terreno fértil para a negligência e a imprudência prosperarem, como se desenha neste caso. À polícia, o funcionário Vitor Igor Espinucci de Oliveira, 24 anos, disse ter checado as travas do La Tour Eiffel 15 minutos antes. Ele disse que avisou um superior do problema na cadeira, como já fizera outras vezes, mas não recebeu orientações sobre o que fazer. “Os operadores não têm autonomia para decidir”, diz Bichir Ale Júnior, advogado dele. “Meu cliente identificou um problema na trava, mas a garota estava fora do campo de visão dele. Ele avisou (a chefia) e foi informado de que a manutenção estava a caminho.” Ele e o operador Marcos Antônio Tomás Leal, 18 anos, disseram não ter visto Gabriella se sentar e informaram que essa responsabilidade era de outro funcionário, ainda não identificado. Estranhamente, oito das 20 cadeiras do brinquedo não estavam em operação naquela manhã.
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DOR
O Casal Nichimura: indignação com o fato de o parque ter aberto no dia do enterro
A falha que resultou na morte de Gabriella foi grosseira. Em depoimento, o gerente-geral do Hopi Hari, o suíço Stefan Fridolin Banholzer, disse que a bobina que alimenta o sistema de travamento daquela cadeira foi retirada, de modo que a trava era sempre mantida abaixada. As suspeitas são de que algum funcionário do parque tenha acionado a tal trava de segurança, permitindo que aquele assento fosse utilizado. “Além de negligência, foi imprudência não haver um aviso de interdição”, diz o delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior, para quem houve dolo enventual, ou seja, quando se corre o risco de matar. Apenas na quinta-feira 1º, uma semana depois, alguém falou pelo parque: “Pode ter havido um erro crasso”, admitiu Alberto Toron, advogado do Hopi Hari. Com tanta insegurança para todos os frequentadores, o parque foi interditado por dez dias. Na segunda-feira 5, uma força-tarefa irá analisar todos os brinquedos, os procedimentos de segurança e o treinamento da equipe.

Diante da tragédia, o mínimo que se esperava, até por respeito à dor da família, é que o Hopi Hari não abrisse no dia seguinte. Mas, enquanto a jovem era enterrada em Guarulhos (SP), o parque abria as portas prometendo um sábado de alegria e diversão, como se uma tragédia não tivesse acontecido no dia anterior. A alegação? Respeito aos visitantes. Mas que respeito nutre o parque por seus clientes quando cobra R$ 79 de ingresso e não os avisa que quase 20% das atrações não funcionam? “Minha vontade seria fechá-lo definitivamente. Não só pela minha filha; falo pela população. Hoje foi minha filha, amanhã poderia ser qualquer pessoa”, disse Silmara Nichimura, que mora com a família há 19 anos no Japão, e vai pedir R$ 3 milhões de indenização. Evidências de que mais cadeiras do brinquedo oferecem riscos não param de surgir. Quatro dias antes do acidente, Rogério Luís Américo fez fotos do filho de 14 anos num assento cujo mosquetão de metal, que prende o cinto à trava de segurança do encosto, estava sem a mola de fechamento.

A certeza da impunidade certamente contribui para que parques assim continuem a operar no País. Não é o primeiro caso de morte no Hopi Hari. Em 2007, o estudante Arthur Wolf, 15 anos, morreu após sentir-se mal no brinquedo Labirinto, que espalhava uma fumaça cenográfica. Após um ano e meio de investigações, o inquérito da Polícia Civil terminou por não apontar culpados. O menino sofreu um edema pulmonar por provável reação de hipersensibilidade, de acordo com o Instituto Médico Legal. O caso não trouxe maiores danos à imagem do parque, mas agora deve ser diferente. A morte de Gabriella pode trazer consequências negativas irreversíveis para a marca Hopi Hari. “O acidente pode afugentar os pais que querem levar seus filhos a um divertimento seguro”, afirma Marcos Hiller, coordenador do MBA em gestão de marcas da Trevisan Escola de Negócios. “O que ocorreu vai afetar o número de visitantes no parque, que tem altíssimos custos fixos e precisa de um imenso movimento para manter sua viabilidade.”

O Hopi Hari tem uma história repleta de percalços desde a sua fundação e está longe de alcançar o êxito esperado para um parque do seu porte. Os investimentos para sua criação chegaram a R$ 700 milhões, em números atualizados. Inicialmente pertencia ao grupo PlayCenter, dono de um parque na capital paulista. Quando a obra ainda estava em andamento, o parque foi repassado para a gestora de fundos GP Investimentos, que contou com dinheiro de quatro fundos de pensão de empresas estatais: Previ, Funcef, Petros e Sistel.

O parque também recebeu R$ 40 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ­(BNDES). Assim como outras dívidas, esta também teve que ser renegociada em 2001. Os executivos do banco público apontaram diversos erros no projeto, como importação sem critério da tecnologia dos parques temáticos americanos, falta de adequação aos hábitos culturais do brasileiro, além da construção a um custo elevado sem a devida sinergia com a região onde ele foi instalado. Ou seja, ao seu redor, não há um complexo de restaurantes, hotéis e outras atrações para entreter o visitante por alguns dias. “O modelo de negócios do Hopi Hari é repleto de erros desde o começo”, disse à ISTOÉ um investidor do setor de parques de diversão no Brasil. “Construiu-se um parque de destino (voltado para turistas que querem se instalar no local da atração) que depende de um público maior que o regional. Como não conseguiu isso, ele não dará um retorno de capital necessário para se manter”, completa.

Em abril de 2009, a GP e os fundos de pensão conseguiram se livrar do parque. A empresa HH II PT S.A. – formada por sócios da consultoria especializada em reestruturação de empresas Íntegra Associados – comprou a atração deficitária pelo valor simbólico de R$ 53,18. Antes conseguiu renegociar a dívida de R$ 800 milhões. ISTOÉ apurou que, um ano antes, o Hopi Hari chegou a ser oferecido “de graça” a um grupo de investidores. Sem sucesso. Como ficou claro neste caso, para voltar a funcionar, ele precisa muito mais do que uma reestruturação financeira.
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Único gorila macho em cativeiro na América do Sul morre em BH

Em setembro, Idi Amin recebeu duas fêmeas após 27 anos de solidão. Foto: Ney Rubens/Especial para Terra Em setembro, Idi Amin recebeu duas fêmeas após 27 anos de solidão
Foto: Ney Rubens/Especial para Terra
Ney Rubens
Direto de Belo Horizonte
O gorila Idi Amin, maior atração do zoológico de Belo Horizonte, morreu na manhã desta quarta-feira após uma parada cardiorrespiratória. No momento da morte, o primata, que tinha 37 anos, passava por um procedimento médico de rotina feito por biólogos dentro da jaula em que vivia com outras duas gorilas que chegaram ao zoo no ano passado, vindas da Inglaterra.
A Fundação Zoobotânica, que administra o parque, informou que o animal vinha sendo tratado de um ferimento recente em um dos braços, que estava melhorando aos poucos. No entanto, nas últimas semanas, outras doenças crônicas - como insuficiência renal e osteoartrite - complicaram o quadro de saúde do animal, que passou a sofrer de anemia e desidratação. "Devido à idade avançada e à ação conjunta destas enfermidades, seu estado clínico se agravou gradativamente nas últimas semanas, não apresentando resposta clínica satisfatória ao tratamento intensivo realizado", disse a fundação em nota.
A entidade afirmou ainda que na manhã desta quarta-feira foi feita uma intervenção farmacológica para a coleta de amostras para novos exames. "Infelizmente, devido ao seu estado já debilitado, Idi apresentou uma parada cardiorrespiratória irreversível e veio a óbito às 11h". Segundo a Fundação Zoobotânica, ainda hoje será realizada a necropsia do animal. O resultado deve ficar pronto em aproximadamente 30 dias, com o laudo final da causa da morte.
Gorila chegou ao zoo com 2 anos de idade
Idi chegou ao zoo da capital mineira em 1975, com apenas dois anos de idade. Com ele, chegou a gorila Dada, que morreu em 1978 por complicações de uma inflamação no ouvido. Em 1984, a gorila Cleópatra foi inserida no ambiente de Idi, mas, já debilitada, morreu com apenas 14 dias de cativeiro. No ano passado, depois de mais de 27 anos de solidão, Idi Amin recebeu duas novas companheiras. Imbi e Kifta vieram da Fundação John Aspinall, da Inglaterra.
O médico-veterinário e diretor da Fundação Zoobotânica, Carlyle Coelho, contou na época que era uma "vitória muito grande para o zoológico a chegada das duas gorilas. Idi, até então, era o único representante da espécie em cativeiro na América do Sul". Segundo Coelho, há mais de uma década o zoológico vinha negociando com os ingleses.
Idi Amin chegou a acasalar com as gorilas, mas, segundo a Fundação Zoobotânica, até hoje não foi confirmada a gravidez de nenhuma delas. "Toda a direção e funcionários da FZB-BH estão consternados com a perda de Idi, em especial aqueles que trabalharam ao seu lado ao longo destes 37 anos. Idi será sempre insubstituível", concluiu a Fundação Zoobotânica em nota à imprensa.

SP: 58,4% dos alunos saem do ensino médio sem saber matemática

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo divulgou nesta quarta-feira o resultado do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar (Saresp) de 2011, que analisa o desempenho dos estudantes 5º e 9º do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio. Apesar de apresentar uma ligeira elevação nos resultados em comparação com 2010, os dados apontam que a situação está longe do ideal. O pior desempenho foi na prova de matemática dos alunos do 3º ano do ensino médio. Do total de 322.078 estudantes que fizeram a avaliação, 58,4% demonstraram ter conhecimento abaixo do mínimo ao concluir o ensino médio.
Em 2010, o percentual de alunos com nível abaixo do adequado havia ficado em 57,7%. Apesar disso, aumentou a porcentagem de estudantes com nível considerado adequado. Este ano foram 4,2% contra 3,6% na avaliação de 2010. Já em português, aconteceu uma ligeira queda de 37,9% em 2010 para 37,5% no nível abaixo do básico.
O Saresp classifica os alunos em quatro níveis: abaixo do básico (conhecimento insuficiente), básico (com conhecimento mínimo do conteúdo), adequado (com domínio do conteúdo) e avançado (aprende além do esperado). Levando em conta as notas médias dos estudantes, houve uma elevação em comparação com o ano passado em matemática, passando de 269,2 para 269,7. Em português a nota média permaneceu em 265,7.
Após a divulgação dos resultados, a Secretaria de Educação confirmou que os resultados para o ensino médio precisam avançar. "Nosso desafio com o ensino médio é maior porque seu desempenho atual reflete todo um longo passado de exclusão no acesso ao ensino, que só começou a ser revertido a partir dos anos 1980", afirmou o secretário Herman Voorwald.
Ensino fundamental
No 9º ano do ensino fundamental, 28% dos estudantes ficaram abaixo do nível básico em português, contra 28,4% em 2010. Já em matemática, a média passou de 34,9 em 2010 para 33,8 em 2011. Para os alunos do 5º ano, o percentual abaixo do mínimo de conhecimento atingiu 17,4% em português no último ano, contra 19,8% em 2010. Em matemática, a média ficou em 26% em 2011 contra 29% em 2010.

Aqueles olhos verdes

José Pedro Goulart
De Porto Alegre (RS)

Asghar Farhadi e o elenco de "A Separação", que levou o Oscar de melhor filme estrangeiro (Getty Images)

1 - Encontrei o corpo inerte, sem vida mas ainda quente, um corpo cuja cabeça coroada mostrava um traço de majestade de quem vinha de um reinado particular. O assassino? Um vidro.
2 - Eu disse que ela tinha olhos (verdes) lindos. Ela sorriu, mas não corou, apesar da pele branca Omo dupla ação. Estranhei. Uma face corada depois de um elogio é como rir de um sujeito que resvala numa casca de banana, difícil de evitar. Depois, só depois, é que um amigo que estava junto, e ouviu o que eu havia dito, revelou o mistério: lente de contato.
3 - O filme iraniano "A Separação" não é só genial pelas interpretações hiperrealistas, ou pelo enredo comovente, ou pelas reviravoltas do roteiro. Isso tudo já seria suficiente para o Oscar que ele ganhou. É genial porque não se perde em abstrações, tão comuns em filmes que abordam o tema; ao contrário, desconcerta, uma por uma, a lógica ocidental sobre amor, família, Estado e liberdade. É também um filme sobre convicções e como as circunstâncias que a toda hora mudam testam essas convicções, afinal não é difícil ser justo, difícil é ser justo contra os próprios interesses.
4 - O pica-pau confiou nas suas asas e na capacidade de impulsioná-las, contou com a visão limpa que achava que tinha pela frente e principalmente, acima de tudo, com a convicção de que poderia voar. Mas não contou com a traição. Aquele era um vidro traiçoeiro. Um vidro frio, duro, instransponível e acima de tudo transparente: fatal, seja para reis ou súditos. Na perplexidade, o tumulto. Talvez o pica-pau tenha tido menos dor depois do choque do que surpresa. Toda traição é uma surpresa, e toda traição é um golpe na ilusão. Tivesse sobrevivido à batida mesmo assim aquele passarinho nunca mais conseguiria voar da mesma forma. Ao invés, voaria com medo, sestroso. Voar sem medo é só para os iludidos.
5 - Enquanto o conflito de convicções se desenrola no filme iraniano, a filha do casal vigia impotente, como normalmente as crianças fazem e ficam nessas situações. A menina participa do teatro proposto quase como uma marionete. A casa, a família, a vida, tudo parece ruir da maneira mais inverossímil. Ao mesmo tempo ela conta com a ilusão de que as coisas ainda tem jeito, a qualquer momento tudo irá voltar ao que era. A perda da ilusão no entanto é uma questão de tempo, há que se tomar decisões. E há que se entender que as decisões significam perdas, como todo adulto sabe. Mas ela é uma menina. Ou era. As lágrimas anunciam a traição; parte do jogo perdeu o sentido, a partir de agora ela vai ter que lidar com as regras de um jogo diferente.
6 - Não resisti, passou um dia e perguntei para a moça dos olhos verdes, "é lente?". Ela sorriu, agora sim um pouco embaraçada com minha demasia, e disse, "é". Perguntei porque ela não havia me dito antes. Ela disse que eu havia elogiado os olhos dela, não perguntado se era verdade que eram verdes e claros. Resolvida, ela continuou de maneira simples, simpática, dizendo que um pouco de ilusão não fazia mal, que se uma mulher maquia os lábios para que parecessem maiores, ou encomprida os cílios, ou tinge o cabelo, porque não haveria de trocar a cor dos olhos? Concordei, mas a essa altura já um pouco desinteressado na conversa. Tinha que lidar com minha decepção, e com aquela pequena traição. E afinal queria saber qual era a verdade por baixo daquelas lentes verdes claras. De modo que insisti. Ela olhou para mim, suspirou e respondeu: "A verdade é um pouco mais escura."

BC corta Selic pela 5ª vez; taxa vai para 9,75% ao ano


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em seu segundo encontro em 2012, decidiu nesta quarta-feira reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 9,75% ao ano. Sucessivos cortes na taxa vêm acontecendo desde agosto de 2011, quando a Selic estava em 12,5%. Esta foi a quinta redução seguida. A última vez que o Copom havia reduzido a Selic a um dígito foi em abril de 2010, quando ela foi para 9,50%.A redução foi anunciada um dia após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,7% em 2011, abaixo da elevação registrada em 2010, que foi de 7,5%. A soma de todas as riquezas produzidas no País atingiu R$ 4,143 trilhões no ano passado."Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 9,75% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 0,5 p.p.", afirmou o Copom em um comunicado mais enxuto do que o das últimas reuniões.Um dígito
O BC deixou claro, na ata da sua última reunião do Copom, em janeiro, que queria buscar uma Selic de um dígito. Naquele momento o Copom informou que "atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito". Na decisão de agora, a autoridade monetária retirou do comunicado a expressão "ajuste moderado" na Selic, adotada nos últimos meses.
O passo mais acelerado do BC agora busca estimular a atividade. Com o fraco desempenho econômico no ano passado, o governo uniu forças para garantir que haverá mais estímulos à economia e o discurso também passou por mais reduções de juros. O último alerta veio da indústria, um setor que tem mostrado fraqueza neste início de ano.Nesta quarta-feira o IBGE mostrou que a indústria continua sofrendo, com a produção caindo 2,1% em janeiro ante dezembro, a maior redução mensal desde dezembro de 2008 - no auge da crise financeira global.Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado no fim de fevereiro, o presidente do BC, Alexandre Tombini, havia avaliado que o Brasi crescia abaixo do seu potencial e que esse cenário permitia o afrouxamento da política monetária."Nos últimos três trimestres, incluindo este primeiro trimestre de 2012, o Brasil cresce abaixo do potencial...Não é por outra razão que o Banco Central vem ajustando sua taxa de juros nesse período, em função do crescimento da economia abaixo do PIB potencial", afirmou. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem deixado claro que o governo quer estimular a economia e garantir uma expansão entre 4% e 4,5% ao ano.E o comportamento da inflação também alimenta as expectativas de mais quedas nos juros, como os preços ao consumidor em São Paulo, que caíram mais do que o esperado no mês passado, em queda de 0,07%, por conta dos alimentos, de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
O "tsunami monetário" enfrentado pelo Brasil é outro fator, segundo especialistas, que podem incentivar mais quedas nos juros. Retirada parte do atratividade financeira das aplicações brasileiras, poderia ser menor a vinda de investidores estrangeiros.Impactos
A redução da taxa Selic ajuda a estimular a atividade econômica, à medida que barateia o crédito e estimula o consumo. Os juros mais baixos também melhoram as contas do governo ao reduzirem os custos da dívida pública. A taxa menor afeta ainda o câmbio e estimula as exportações ao conter a entrada de dólares e diminuir a queda do valor da moeda americana.
Variação da taxa
No começo de 2011, o colegiado de diretores do BC tinha retomado o processo de aperto monetário como forma de combater o aumento da inflação. O Copom elevou a Selic por cinco reuniões seguidas até atingir o pico de 12,5% ao ano, em 20 de julho. No período, o aumento acumulado foi de 1,75 ponto percentual.
A partir do segundo semestre do ano passado, no entanto, o Comitê entendeu que era hora de afrouxar a política monetária, uma vez que a deterioração da economia externa - notadamente na Europa e nos Estados Unidos - contribuía para a redução de pressões inflacionárias no mercado interno. Mesmo contra críticos do mercado financeiro, e até de dentro do próprio BC, o Copom aprovou, por 5 a 2, a primeira redução no fim de agosto.

Eike Batista sobe para 7ª posição em lista de bilionários da Forbes

No ranking de 2011, o brasileiro apareceu em oitavo lugar.
Fortuna do empresário foi avaliada pela revista em US$ 30 bilhões.

Do G1, em São Paulo
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O empresário Eike Batista subiu uma posição, de 8º para o 7º lugar, na lista dos homens mais ricos do mundo realizada anualmente pela revista Forbes. De acordo com o ranking divulgado nesta quarta-feira (7), a fortuna do brasileiro, assim como no ano passado, foi avaliada em US$ 30 bilhões.
Em outro ranking divulgado nesta semana, elaborado pela Bloomberg, Eike ficou em 10º lugar, com um patrimônio estimado em US$ 29,8 bilhões.
"É uma honra representar o pais mais uma vez no ranking da Forbes. Contente por investir, gerar riquezas e empregos no pais", comentou Eike, no Twitter. "O Brasil merece ter mais brasileiros nesta lista e em todos os rankings de lideranca, setores e atividades mundiais", escreveu em outro tuíte.
Fundador e presidente do Grupo EBX, Eike tem 55 anos e atua em diversos setores, em especial petróleo, logística, energia, mineração e indústria naval. É dono das empresas OGX (petrolífera),  MMX (mineradora) e OSX (indústria naval offshore), AUX (ouro, prata e cobre), REX (imobiliária) IMX (esportes e entretenimento) e SIX (tecnologia), assim como empresas de hotelaria e restauração.
Eike Batista Forbes (Foto: Reprodução/Forbes)Fortuna de Eike Batista foi avaliada em US$ 30 bilhões (Foto: Reprodução/Forbes)
O mexicano Carlos Slim ficou pela terceira vez consecutiva no 1º lugar do ranking da Forbes, com uma fortuna avaliada em US$ 69 bilhões, US$ 5 bilhões a menos do que em 2011. Segundo a revista, dentre os 20 mais ricos, sete bilionários registraram recuo em sua fortuna.
No segundo e terceiro lugar aparecem, respectivamente, o cofundador da Microsoft, o americano Bill Gates, de 56 anos, com fortuna de US$ 61 bilhões, e o megainvestidor e dono da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, com US$ 44 bilhões. Gates teve sua fortuna aumentada em US$ 5 bilhões, enquanto seu amigo Buffett perdeu US$ 6 bilhões.
Em quarto lugar vem o francês Bernard Arnault, presidente da Louis Vuittton e o europeu mais rico do mundo (US$ 41 bilhões), seguido pelo espanhol Amancio Ortega, presidente da Zara, que possui uma riqueza de US$ 37 bilhões e entrou pela primeira vez entre os cinco mais ricos.
O levantamento da Forbes identificou 1.226 bilionários no mundo, um novo recorde ao qual se somaram neste ano outras 16 pessoas, que reúnem uma riqueza total de US$ 4,6 trilhões, frente aos US$ 4,5 trilhões de 2011.
A revista destacou que neste ano o fundador e presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, que aos 27 anos e a ponto de finalizar sua esperada entrada na Bolsa, passo da 52ª posição para a 35ª, com uma fortuna estimada em US$ 17,5 bilhões.
Confira os 10 mais ricos do mundo, segundo a Forbes:
1. Carlos Slim (México), US$ 69 bilhões
2. Bill Gates (EUA), US$ 61 bilhões
3. Warren Buffett (EUA), US$ 44 bilhões
4. Bernard Arnault (França) US$ 41 bilhões
5. Amancio Ortega (Espanha), US$ 37,5 bilhões
6. Larry Ellison (EUA), US$ 36 bilhões
7. Eike Batista(Brasil), US$ 30 bilhões
8. Stefan Persson (Suécia), US$ 26 bilhões
9. Li Ka-shing (Hong Kong), US$ 25,5 bilhões
10. Karl Albrecht (Alemanha), US$ 25,4 bilhões

Trajetória de Eike
Nascido em 3 de novembro de 1956 em Governador Valadares (MG), Eike Batista passou a infância no Brasil e a adolescência em Suíça, Alemanha e Bélgica. Porém, foi no Rio de Janeiro, onde fincou raízes.
Ele estudou engenharia metalúrgica na Universidade de Aachen (Alemanha) nos anos 70 e, quando sua família retornou ao Brasil pelos compromissos profissionais de seu pai, dedicou-se a vender seguros de porta em porta para manter sua independência financeira no exterior.
Nos anos 80, de volta ao Brasil, montou sua primeira empresa, a Autran Aureum, dedicada à compra e venda de ouro na Amazônia, negócio com o qual, segundo sua biografia, ganhou US$ 6 milhões em apenas ano e meio. Esse foi o ponto de partida de uma meteórica carreira que anos depois o levou a fundar o conglomerado empresarial EBX.
Entre 1980 e 2000, o empresário criou US $ 20 bilhões em valor com a implantação e
operação de oito minas de ouro no Brasil e no Canadá e uma mina de prata no Chile.
A partir dos anos 2000, começou a operar três minas de ferro no Brasil. De 2004
a 2010, criou, estruturou e abriu o capital de cinco companhias: OGX, MPX,
LLX, MMX e OSX
Todas as empresas de seu grupo, que tem uma forte presença também no Chile e na Colômbia, possuem a letra X porque o magnata considera que por ser o símbolo da multiplicação faz os negócios mais prósperos.