sexta-feira, 9 de março de 2012

BC corta Selic pela 5ª vez; taxa vai para 9,75% ao ano


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em seu segundo encontro em 2012, decidiu nesta quarta-feira reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 9,75% ao ano. Sucessivos cortes na taxa vêm acontecendo desde agosto de 2011, quando a Selic estava em 12,5%. Esta foi a quinta redução seguida. A última vez que o Copom havia reduzido a Selic a um dígito foi em abril de 2010, quando ela foi para 9,50%.A redução foi anunciada um dia após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,7% em 2011, abaixo da elevação registrada em 2010, que foi de 7,5%. A soma de todas as riquezas produzidas no País atingiu R$ 4,143 trilhões no ano passado."Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 9,75% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 0,5 p.p.", afirmou o Copom em um comunicado mais enxuto do que o das últimas reuniões.Um dígito
O BC deixou claro, na ata da sua última reunião do Copom, em janeiro, que queria buscar uma Selic de um dígito. Naquele momento o Copom informou que "atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito". Na decisão de agora, a autoridade monetária retirou do comunicado a expressão "ajuste moderado" na Selic, adotada nos últimos meses.
O passo mais acelerado do BC agora busca estimular a atividade. Com o fraco desempenho econômico no ano passado, o governo uniu forças para garantir que haverá mais estímulos à economia e o discurso também passou por mais reduções de juros. O último alerta veio da indústria, um setor que tem mostrado fraqueza neste início de ano.Nesta quarta-feira o IBGE mostrou que a indústria continua sofrendo, com a produção caindo 2,1% em janeiro ante dezembro, a maior redução mensal desde dezembro de 2008 - no auge da crise financeira global.Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado no fim de fevereiro, o presidente do BC, Alexandre Tombini, havia avaliado que o Brasi crescia abaixo do seu potencial e que esse cenário permitia o afrouxamento da política monetária."Nos últimos três trimestres, incluindo este primeiro trimestre de 2012, o Brasil cresce abaixo do potencial...Não é por outra razão que o Banco Central vem ajustando sua taxa de juros nesse período, em função do crescimento da economia abaixo do PIB potencial", afirmou. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem deixado claro que o governo quer estimular a economia e garantir uma expansão entre 4% e 4,5% ao ano.E o comportamento da inflação também alimenta as expectativas de mais quedas nos juros, como os preços ao consumidor em São Paulo, que caíram mais do que o esperado no mês passado, em queda de 0,07%, por conta dos alimentos, de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
O "tsunami monetário" enfrentado pelo Brasil é outro fator, segundo especialistas, que podem incentivar mais quedas nos juros. Retirada parte do atratividade financeira das aplicações brasileiras, poderia ser menor a vinda de investidores estrangeiros.Impactos
A redução da taxa Selic ajuda a estimular a atividade econômica, à medida que barateia o crédito e estimula o consumo. Os juros mais baixos também melhoram as contas do governo ao reduzirem os custos da dívida pública. A taxa menor afeta ainda o câmbio e estimula as exportações ao conter a entrada de dólares e diminuir a queda do valor da moeda americana.
Variação da taxa
No começo de 2011, o colegiado de diretores do BC tinha retomado o processo de aperto monetário como forma de combater o aumento da inflação. O Copom elevou a Selic por cinco reuniões seguidas até atingir o pico de 12,5% ao ano, em 20 de julho. No período, o aumento acumulado foi de 1,75 ponto percentual.
A partir do segundo semestre do ano passado, no entanto, o Comitê entendeu que era hora de afrouxar a política monetária, uma vez que a deterioração da economia externa - notadamente na Europa e nos Estados Unidos - contribuía para a redução de pressões inflacionárias no mercado interno. Mesmo contra críticos do mercado financeiro, e até de dentro do próprio BC, o Copom aprovou, por 5 a 2, a primeira redução no fim de agosto.

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